PSICOLOGIAS Uma Introdução ao Estudo de Psicologias
Ana Mercês Bahia BOCK; Odair
FURTADO; Maria de Lourdes Trassi TEIXEIRA – Ed. Saraiva
A Psicologia ou as psicologias
Ciência e senso comum
O nome que damos à Psicologia usada no cotidiano é Psicologia do Senso Comum.
O Senso Comum Conhecimento
da Realidade
A ciência é uma atividade
eminentemente reflexiva. Ela procura compreender, elucidar e alterar nosso cotidiano. O ponto de partida da ciência para essa
alteração é seu estudo sistemático.
Quando fazemos ciência baseamo-nos na realidade cotidiana.
A ciência abstrai a realidade para compreendê-la
melhor. Isso permite a construção do conhecimento científico sobre o real.
A dona de casa, quando usa uma garrafa térmica para manter o café
quente, sabe por quanto tempo ele permanecerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo. O nome que damos a esse tipo
de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é senso comum.
A lei da gravidade universal de Newton é um exemplo de um fato do
cotidiano que resultou num fato científico. Partindo da maçã que caía da árvore (fato do cotidiano), formulou a lei da gravidade
(fato científico).
Áreas
do Conhecimento
Povos antigos preocuparam-se
com a origem e com o significado da existência humana. As especulações em torno desse tema formaram um corpo de conhecimentos
o qual denominamos Filosofia.
Com o tempo, o tipo
de conhecimento baseado em cálculos foi-se especializando cada vez mais até atingir o nível de sofisticação que permitiu ao
homem atingir a Lua. A este tipo de conhecimento damos o nome de Ciência
A formulação de um conjunto
de pensamentos sobre a origem do homem, seus mistérios, princípios morais, forma um corpo de conhecimento humano conhecido
por Religião
O homem, desde a sua pré-história
deixou marcas de sua sensibilidade nas paredes das cavernas, quando desenhou a sua própria figura e a figura da caça, criando
uma expressão do conhecimento que traduz a emoção e a sensibilidade. Denominamos esse tipo de conhecimento como Arte
A psicologia científica
Utilizar linguagem rigorosa
e técnicas específicas para produzir conhecimento são características do conhecimento científico.
Os fenômenos Psicológicos
referem-se aos acontecimentos do mundo exterior ao indivíduo
A ciência compõem-se de um
conjunto de conhecimentos sobre todos os aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa
e rigorosa.
Os conhecimentos científicos
devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade.
Podemos considerar como objeto
de estudo da Psicologia científica: o comportamento humano, os mecanismos da mente humana, a personalidade humana e a estética
das formas, dependendo da corrente teórica enfocada.
Um motivo que também contribui
para dificultar uma clara definição de objeto de psicologia é o fato de o cientista – o pesquisador – confundir-se
com o objeto a ser pesquisado. No sentido mais amplo o objeto de estudo da psicologia é o homem.
A concepção de homem formulada
pelo filósofo francês Rousseau é que o homem era puro e foi corrompido pela sociedade.
A psicologia colabora com
o estudo da subjetividade. É essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida
humana. Assim, o termo subjetividade pode sintetizar quatro modalidades: Homem-corpo; Homem-pensamento; Homem-afeto e Homem-ação.
Entendemos que a síntese que
a subjetividade representa não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos poucos se apropriando do material de mundo social
e cultural, atuando sobre esse mundo.
Criar e transformar o mundo
(externo) faz com que o homem construa e transforme a si próprio.
A subjetividade não só é fabricada,
produzida, moldada, mas também é automoldável.
A Psicologia é um ramo das
ciências humanas.
Com o estudo da subjetividade,
a Psicologia contribui para a compreensão da totalidade da vida humana.
Em relação à Psicologia, podemos
afirmar que: conhecimentos científicos são incorporados ao senso comum e reduzidos a teorias psicológicas simplificadas.
A diversidade encontrada na
Psicologia atual deve-se a: ser este campo de conhecimento relativamente recente, uma vez que a Psicologia constituiu-se como
ciência apenas no final do século 19; ao fato do cientista confundir-se com seu objeto de estudo: o homem. A concepção de
homem que o cientista tem pode afetar o encaminhamento de suas pesquisas; ao fato dos fenômenos psicológicos serem tão diversos
que não podem ser sujeitos aos mesmos padrões de medida ou observação.
Um novo conhecimento é produzido
sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido.
A ciência tem ainda uma característica
fundamental: ela aspira à objetividade.
Objeto específico, linguagem
rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de
conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum.
Segundo um psicólogo psicanalista,
o objeto específico de estudo da Psicologia é o inconsciente.
Segundo um psicólogo comportamentalista,
o objeto específico de estudo da Psicologia é o comportamento humano.
A psicologia e o misticismo
Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Experimentos em Psicofisiologia.
A criação do primeiro Laboratório de Experimentos em Psicofisiologia, constituída como um marco histórico significou
o desligamento das idéias psicológicas de idéias abstratas e espiritualistas.
Isso significou aceitar a existência de uma alma nos homens, a qual seria a sede da vida psíquica.
A partir disso, a história da Psicologia é de fortalecimento de seu vínculo com os princípios e métodos científicos.
Outra idéia também vai se fortalecendo a partir desse momento. A idéia de um homem autônomo, capaz de se responsabilizar pelo
seu próprio desenvolvimento e pela sua vida.
Hoje, a Psicologia ainda não consegue explicar muitas coisas sobre o homem porque ainda é uma área da ciência relativamente
nova (com pouco mais de cem anos).
Alguns dos “desconhecimentos” da Psicologia têm levado os psicólogos a buscarem respostas em outros campos
do saber humano. Com isso, algumas práticas não psicológicas têm sido associadas às práticas psicológicas: o tarô, a quiromancia,
a numerologia, a astrologia etc.
O que a Psicologia, ao se relacionar com práticas não psicológicas deve reconhecer é que o homem construiu muitos
“saberes” em busca de sua felicidade.
As práticas místicas não compõem o campo da Psicologia científica porque não são construídas no campo da Ciência,
a partir do método e dos princípios científicos.
O verdadeiro cientista deve ter os olhos abertos para o novo.
Não se deve misturar a Psicologia com práticas místicas ou advinhatórias porque estão baseadas em pressupostos diversos
e opostos ao da Psicologia.
A ciência é, na verdade um processo permanente de conhecimento do mundo, um exercício de diálogo entre o pensamento
humano e a realidade, em todos os seus aspectos.
Tudo o que ocorre com o homem é motivo de interesse para a Ciência, que deve aplicar seus princípios e métodos para
construir respostas.
A psicologia
se define atualmente como a ciência do comportamento e dos processos mentais.
As populações
de ratos e pombos participam mais frequentemente dos estudos psicológicos.
As ocupações
que atraem maior número de psicólogos são: aplicação e prática.
A maior diferença
entre psiquiatras e psicanalistas: os psicanalistas recebem formação intensiva nas teorias de Freud, enquanto os psiquiatras
não o fazem necessariamente.
Gustav Fechner
escreveu o livro Elementos de Psicofísica, demonstrando pela primeira vez como os princípios científicos podiam ser aplicados
a questões relacionadas com processos mentais.
Introspecção
analítica é um tipo formal de auto-observação.
Creditarmos
a Wilhelm Wundt a fundação do “primeiro laboratório de psicologia do mundo”, em 1879.
A questão
que com mais probabilidade interessaria a William James é: Como se adaptam as pessoas ao mundo?
Uma das maiores
limitações do estruturalismo é a exclusão de crianças e animais.
A abordagem
moderna mais claramente influenciada pelo funcionalismo é a cognitiva.
B2
Os movimentos históricos e os pontos de vista correntes em Psicologia
É fácil confundir as idéias dos diferentes movimentos do passado com os pontos de vista atuais em psicologia.
MOVIMENTOS HISTÓRICOS:
O behaviorismo:
Insistia para que os psicólogos estudassem os estímulos e as respostas.
Acentuava o ambiente como a influência mais importante no desenvolvimento.
Acreditava que a psicologia devia ser aplicada a problemas práticos, tais como educação e negócios.
Proclamava que os estudos de animais simples poderiam proporcionar informações sobre as pessoas.
O funcionalismo:
Focalizava a atenção no funcionamento dos processos mentais.
Acreditava que a psicologia devia ser aplicada a problemas práticos, tais como educação e negócios.
Proclamava que os estudos de animais simples poderiam proporcionar informações sobre as pessoas.
A psicologia da Gestalt:
Proclamava que o todo era muito diferente da soma das partes.
A teoria psicanalítica:
Concentrava-se na personalidade normal e anormal.
Desenvolveu-se a partir de experiências clínicas com pessoas neuróticas.
Presumia que muito do comportamento humano é causado por motivos, conflitos e medos inconscientes.
O estruturalismo:
Analisava os processos elementares da consciência humana.
Advogava o emprego da introspecção analítica.
Publicou uma lista de qualidades de sensações.
Queria relacionar os elementos mentais às estruturas do sistema nervoso.
PONTOS DE VISTA ATUAIS:
A teoria cognitiva:
Acentua o estudo do funcionamento dos processos mentais.
Proclama que a personalidade é formada durante a primeira infância.
A teoria humanista:
Advoga o enriquecimento das vidas humanas como o principal objetivo da psicologia.
As noções estereotipadas impediram o estudo dos coelhos de orelhas caídas.
O objetivo denominado controle significa muitas vezes, na realidade, aplicação.
A prática que teria maiores chances de aumentar a objetividade seria providenciar para que um estudo seja conduzido
por um assistente que não conheça as hipóteses do experimentador.
Psicologia a abordagem científica
As
noções estereotipadas impediram o estudo dos coelhos de orelhas caídas.
O
objetivo denominado controle significa muitas vezes, na realidade, aplicação.
A
prática que teria maiores chances de aumentar a objetividade seria providenciar
para que um estudo seja conduzido por um assistente que não conheça as
hipóteses do experimentador.
Basear
conclusões em observações, mais do que em intuição ou especulação demonstra com
maior clareza uma atitude empírica.
A
simplicidade relativa caracteriza uma explicação parcimoniosa.
A
melhor definição operacional de curiosidade é o número de tópicos de uma longa
lista considerados interessantes.
Amostragem
é o termo correto para 200 mulheres interrogadas por investigadores que desejam
descobrir como as mulheres em geral se sentem em relação ao aborto.
Alguns
psicólogos, escondendo a identidade, juntam-se à tripulação de um submarino
para estudar o comportamento de homens em acomodações exíguas. O instrumento de
pesquisa utilizado é o da observação participante.
Quando
comparados com a observação direta, a maior vantagem que apresentam os
questionários é a economia.
Os
estudos de casos geralmente apresentam problema, pois sua generalidade é
questionável.
Psicologia:
a abordagem científica
Definições
Operacionais
As definições
operacionais e formais são muito diferentes. As operações formais distinguem-se
de diversas maneiras. Primeiro, nunca são abstratas; estão sempre ligadas a
observações ou medições – frequentemente medições fisiológicas, comportamentais
ou de auto-relato. Segundo, existem muitas definições operacionais possíveis
para um conceito, processo ou fenômeno dado. Terceiro, as definições
operacionais são estreitas e aplicam-se a situações limitadas.
DEFINIÇÕES
OPERACIONAIS SIMPLES
Termo
|
Definição
(ões) operacionais simples
|
Definição formal
|
Trabalho
|
Comer
com
pauzinho ao invés de talheres num restaurante chinês;
Número
de nozes
descascadas
|
Dispêndio
de
energia
|
Tensão
|
Exposição
a
barulho ou choque de determinada intensidade e duração;
Volume
de fezes
espelidas após cinco minutos em uma nova situação (em ratos)
|
Sensação
de
tumulto interior
|
Amor
|
Quantidade
de
tempo passada agarrando-se à mãe ou à uma substituta
|
Sentimento
de
afeto profundamente terno e apaixonado
|
Aprendizagem
|
Desempenho
em um
teste específico
|
Mudança
de
comportamento ou funcionamento mental devida à experiência
|
Psicologia: a abordagem científica
Princípios Científicos
Precisão: Os
psicólogos procuram ser precisos de diversas maneiras. Primeiro,
definem claramente o que estão estudando. Segundo, tentam colocar seus
resultados em forma numérica, ao invés de confiar em impressões pessoais.
Terceiro, após completarem a pesquisa, os psicólogos escrevem relatórios
detalhados, descrevendo os sujeitos, o equipamento, os métodos, as tarefas e os
resultados.
Objetividade: Como todos os
outros seres humanos, os psicólogos cometem distorções. Quando dizemos que eles
se esforçam por ser objetivos,
queremos dizer que tentam impedir que suas distorções influenciem seus estudos.
Empirismo:
Como os outros cientistas, os
psicólogos acreditam que a observação direta é a melhor fonte de conhecimentos.
A especulação por si só é considerada como prova inadequada. Essa atitude de
“olhar e ver” denomina-se empirismo.
Determinismo: O determinismo refere-se à tese de que
todos os acontecimentos têm causas naturais. Os psicólogos acreditam que os
atos das pessoas são determinados por enormes números de fatores – alguns de
dentro (tais como potencialidades genéricas, motivos, emoções e pensamentos) e
alguns de fora como por exemplo, pressões de outras pessoas e circunstâncias
correntes.
Parcimônia:
Muitos psicólogos tentam ser parcimoniosos. Literalmente, o termo
significa “avarento”. Na linguagem científica, “parcimônia” refere-se a uma
padronização das explicações: as explicações simples e que se ajustam aos fatos
observados são as preferidas, mas devem ser testadas inicialmente. As
explicações complexas ou abstratas adiantam apenas quando houver ficado provado
que as menos complicadas são inadequadas ou incorretas.
Tentativas:
Os psicólogos esforçam-se por
conservar o espírito aberto, aceitando críticas e prontos a reavaliar e revisar
suas conclusões caso uma nova evidência o justifique. Em outras palavras eles
consideram suas descobertas como tentativas.